segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Essência da nossa amizade


Não foi uma amizade premeditada. No primeiro dia comecei a tratar-te mal. Nada sério. Lembras-te? Não pensei que algum dia pudéssemos estar tão próximos.
Nesse mesmo dia soubeste coisas da minha vida que não devias saber. Afinal eras um desconhecido. E desde o início soube que falavas de mais. Talvez não seja por mal, mas é um defeito que tens de apagar.
Achaste-me piada! E como não podes ver um rabo de saias, conta-se pelos dedos de uma mão as vezes que não foste lá a casa ver-me, durante esse Verão. Respondia-te sempre mal a tudo, mas nunca levavas a sério.
Bem, não era a sério, mas dava-me gozo e acho que também gostavas disso. Como diz o povo: "quanto mais me bates mais eu gosto de ti" (lol).
Chegou-se a uma altura em que já só conseguia ter um gesto de carinho recorrendo a essa táctica, porque não o conseguia demonstrar de outra forma.
Ainda hoje digo: " gosto de ti estúpido" :)

Tantas vezes que te mostrei que entre nós não dava e ainda hoje tentas. Aproveitas os momentos de brincadeira para o fazer, como quem não quer a coisa. Pouco depois de me conheceres deixaste-me uma rosa vermelha no pára-brisas do carro. Como a rosa ficava tão bem lá deixei-a estar durante todo o dia. Só não me lembrei que ela ia secar. Estávamos em pleno Verão :)
Não achaste muita piada, mas ainda tenho as pétalas secas guardadas. São tão lindas..

Zangámo-nos algumas vezes. Zangas a sério. Tudo por causa de gente baixa e insignificante.
Ainda hoje não sei se posso confiar completamente em ti pelo facto de falares de mais, mas peço desculpa se desconfiei e te acusei injustamente, enquanto defendia quem pensava ser realmente meu amigo.

Lembraste de quando passávamos horas lá em casa na conversa e na brincadeira e estava sempre alguém "emburrado" por estares lá? Não suportavam a tua presença. Vá-se lá saber porquê.. quando estavas a coordenar na canoagem tinhas sempre umas conversas autoritárias, como quem diz "quem manda aqui sou eu" eheh..
E agora vê-se.. desde que me fui embora nunca mais puseste os pés naquela casa...

Não temos uma conversa sem insultos :)
E se isso deixasse de acontecer, então perder-se-ia a essência da nossa amizade...
De que serve darmos tanto de nós?
Onde está o reconhecimento?
Para quê dedicar o nosso tempo, o nosso carinho, o nosso amor
quando essa dedicação não dá frutos?
Não há reconhecimento!
É tudo em vão..

sábado, 15 de novembro de 2008

O sol brilha sobre a praça. Está um dia resplandecente. A esplanada vazia espera que os transeuntes se sentem para beber um café e fumar um cigarro. Quando não havia tema de conversa, observavam quem por ali passava.
Não se vê muita gente. Ouve-se o bater das ondas na areia e o chilrear dos pássaros.
Uns andam por aí a passear, outros no seu quotidiano nem se apercebem do que os rodeia.

Peço um café e acendo um cigarro. O sabor não me agrada mas é um passar de tempo. Observo um casal sentado numa das mesa da esplanada. Ele entretem-se com o telemóvel. Ela olha em volta, bebendo a sua chávena de chá. Ficam assim durante algum tempo e vão embora - já não há mais nada que os prenda ali.
O empregado de mesa passeia de um lado para o outro, de braços escondidos atrás das costas, esperando que alguém se sente para atender.
Nesta altura os dias são assim..
Daqui a pouco chega a minha hora. Não tenho mais nada a fazer aqui.

Cheguei agora, mas começo já a fazer a contagem decrescente para o meu último dia aqui. Parece estar tão longínquo. Relembro agora os tempos em que não me preocupava com nada. Havia sempre alguém que resolvia os meus insignificantes problemas.
As coisas mudaram e o tempo não volta atrás. Começa aqui a "minha" longa caminhada e não posso passar a vida a lamentar-me.

Amanhã é outro dia!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Noite fria


E depois dessa noite fria de Outono,
aquecida pelos corpos colados
resta a saudade
e a espera de outra.
E então,
abraça-me
beija-me
grita-me
possui-me
como nessa noite fria de Outono

sábado, 8 de novembro de 2008

Porque estou vazia de palavras, aqui fica uma fotografia do que temos de melhor na vida..


Fotografia de Ana Paula Guerra

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

...


Assim que cheguei ao quarto
fez-se luz
e comecei a escrever
e os meus dedos não queriam parar.
É uma sensação fantástica...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Despida de palavras




Chega ao fim mais um dia de trabalho, se é que se pode chamar assim um dia, à espera que apareçam clientes para serem atendidos.
Depois de concretizar as tarefas diárias, sento-me em frente ao computador a ver emails recebidos, as visitas, mensagens e comentários do hi5, o correio da escola.
A maioria das vezes não tenho com quem falar no msn. Ou estão ocupados, ou estão ausentes ou são pessoas com quem não me apetece falar.
Visito o meu blog e espero anciosamente encontrar novos comentários.
Apetece-me escrever, mas os pensamentos não se tornam palavras. Porquê? Nem toda a gente tem o dom de transformar pensamentos em palavras.
E então pergunto: quais as melhores palavras para descrever o que estou a sentir? Será que não se tornam "ridículas" perante os leitores?
E fico assim, pensando no que os outros vão achar quando me lerem.
Começo então a ver outros blogs. Blogs de quem é senhor da palavra.
Vejo e revejo todos os comentários feitos a esses blogs. E a alma chora, porque não consegue exteriorizar tamanha beleza. Aparentemente imcompreensíveis, mas completamente providas de significado.
E procuro incessantemente exteriorizar as sensações que tenho ao ler tais palavras.
Há uma desordem na minha cabeça, como se passassem palavras tão rapidamente que não as conseguisse descodificar. Procuro palavras para descrever as sensações.
Continuo a ler...
Tento fazer comentários aos blogs. Parece como que uma tempestade de palavras na minha cabeça, correndo de um lado para o outro à procura da saída. Mas nunca encontram. Parece impossível.
O coração começa a bater forte, as mãos tremem. Vontade de chorar. Mas que razão para chorar? Porque as palavras não me querem sair da cabeça e do coração?
Cai a primeira lágrima e fico ali, impotente.
Chego a casa! Apetece-me gritar, chorar, estar com muita gente e ao mesmo tempo sozinha. Começo a escrever, as palavras vão fluíndo. Escrevo, escrevo até acabar a folha. Tento não interromper a escrita, sabendo que a inspiração pode desaparecer.
Recebo uma mensagem. A inspiração não se vai mas contínuo a pensar na mensagem.
Escrevo muito rapidamente e tento encontrar mais palavras. Não quero que desapareçam nunca!
E de repente... Perdi-me do extase que obrigava a minha mão a escrever.
Como que um orgasmo! Lutamos abruptamente até que chegue. E depois, tudo pára e instala-se uma sensação de satisfação.
Agora descanso desta correria de pensamentos.

Sinto-me leve...
Imagem: Intenperi